domingo, 27 de junho de 2010

Todos juntos em um novo Brasil, pelo fim das opressões

Representando as luta pela igualdade racial, fim da homofobia e da violência contra as mulheres, encontro no Seminário Nacional Juventude, Participação e Políticas Públicas foi um ato contra todas as formas de intolerância

Pelo fim do racismo
A lei 10.639, que institui o ensino de História e Cultura Afro-Brasileira nas escolas, foi um dos principais avanços recentes na promoção da identidade afro. Edson França apontou que o desafio, neste momento, é a sua implementação, pois as escolas e Instituições de Ensino Superior ainda são muitas vezes racistas e sua estrutura é difícil de ser quebrada, mesmo com a Lei.

Edson França elaborou sua fala elogiando também outro marco do governo Lula nessa matéria: a criação da Secretaria de Promoção de Políticas de Igualdade Racial (SEPPIR). Segundo Edson, a criação dessa autarquia representa o reconhecimento da existência do racismo em nossa sociedade pelo Estado Brasileiro, o que seria uma conquista sem precedentes, pois o Brasil cultuou historicamente o falso mito da democracia racial. “Temos cerca de 1200 órgãos de promoção da igualdade racial nas esferas municipal, estadual e racial, isto é um avanço do Estado Brasileiro nesse momento de nossa história”, disse.

Destacou também que o Estatuto da Igualdade Racial, apesar de não ser o projeto inicial proposto pelo movimento negro, representa um avanço por reconhecer, por exemplo, as religiões de matriz africana e os quilombolas. “O objetivo do racismo é promover o acúmulo da riqueza no capitalismo. Combate-se o racismo com política pública, oferecendo educação, trabalho e oportunidade”, disse. Por último, fez um apelo a UJS para endossar a luta contra o extermínio do jovem negro pela polícia.

Pelo fim do machismo
Liege Rocha destacou que, no campo do movimento de mulheres, a luta pela emancipação não é individual, mas social. A opressão sobre as mulheres começou, segund ela, com o advento da propriedade privada, quando era importante delimitar os herdeiros das propriedades, não sendo um dado natural, mas histórico. “A luta de gênero está ligada à luta de classe e tem de estar a associada à luta contra o racismo, à homofobia e toda a forma de opressão”, explicou.

Para Rocha, os desafios da luta das mulheres estão, principalmente, nas relações de trabalho, na participação política e nas mudanças do perfil das famílias. A diretora da UBM lembra que apesar das mulheres terem mais espaço no mercado de trabalho, ainda ganham em média três vezes menos que os homens. Também estão subrepresentadas nos espaços decisórios. Menos de 10% dos cargos eletivos são ocupados por mulheres atualmente. “Uma preocupação essencial que a UJS já é a participação das mulheres nos espaços de direção da entidade”, elogiou.

Avaliando o governo Lula, Liege Rocha disse que houve significativos avanços como a criação da Secretaria das Mulheres e de um Plano Nacional de Políticas para as mulheres, além da Lei Maria da Penha. “Um desafio que se apresenta à UJS é lutar pela implementação desses mecanismos”, ressaltou. Encerrando sua fala, Liege destacou a importância do protagonismo das mulheres na construção de um novo projeto de Brasil. “Tem um significado simbólico termos uma candidata mulher à presidência do Brasil que entende e defende a luta de gênero, ma s é preciso entender que não basta só ser mulher para representar a luta”.

Pelo fim da homofobia
Encerrando a qualificada mesa de debates, Loren do Coletivo E-Jovem e Denilson Alves da UNE e UJS dividiram a fala. Loren iniciou convidando oz jovens ao rompimento de toda a forma de opressão. “Para demonstrar que estou lutando contra as opressões, vou sair da bancada, que é um símbolo de opressão”, manifestou-se Loren. Depois explicou o que é o E-Jovem, uma rede nacional da juventude LGBTT (Lésbicas, Gays, Bissexuais, Transexuais e Transgêneros) que já existe há quase 10 anos e procura articular o movimento LGBTT na juventude. “Temos também uma atuação na rede virtual, através de uma rede social de jovens LGBTT, que pode ser acessada através do link www.e-jovem.com, e www.e-jovem.ning.com. Também estamos articulando a criação de grêmios, DA’s e DCE’s gays onde a inserção em núcleos estudantis “heteros” não for possível, denunciando com isso a homofobia que existe no movimento estudantil também como na sociedade”, anunciou.

Denilson continuou a exposição lembrando que a esmagadora maioria dos professores de universidades e escolas ainda não está preparado para lidar com a Diversidade e em específico a homoafetividade. Lembrou ainda a importâcia de ampliar o “Universidade fora do armário”, projeto da UNE que leva o debate antihomofóbico para as salas de aula. Encerrou reafirmando a importância da UJS ampliar sua atuação LGBTT nacional. “Podem matar vários homossexuais, relegá-los a prostituição, às drogas, como hoje acontece. Mas nunca acabarão com a primavera, enquanto continuarmos lutando, erguendo cada vez mais alto a bandeira de luta contra todas as opressões pra ser muito mais Brasil”, encerrou parodiando o Ernesto Che Guevara e arrancando aplausos da plenária.

Ao final do debate, ocorreu uma plenária da Frente LGBTT que decidiu realizar uma marcha pela afirmação da bandeira amanhã no 3º dia do Congresso. Na relatoria do Grupo de Trabalho, foram anotadas três importantes demandas: a luta pela implementação da Lei Maria da Penha; a luta pela implementação, nas escolas e Universidades, da Lei 10.639 que institui o ensino de História e Cultura Afro-Brasileira e a implementação do Projeto de Lei que criminaliza a homofobia.

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