sexta-feira, 18 de junho de 2010

Em Salvador, congressistas reafirmam compromisso de mudar a cara da educação no Brasil

Congresso trouxe para a sala Xangô 2, do Centro de Convenções de Salvador, uma das mesas mais qualificadas neste segundo dia de atividades do Seminário Nacional Juventude, Participação e Políticas Públicas

Com o tema “Escola, Universidade e Desenvolvimento”, o debate foi mediado pelo ex-presidente da UBES, Ismael Cardoso, e teve início com a intervenção bem pontuada do reitor da Universidade Federal da Bahia (UFBA) Naomar de Almeida Filho. O acadêmico apresentou o projeto “Universidade Nova: Educação Superior e Desenvolvimento com equidade”, que vem transformando a instituição baiana em uma das mais progressistas e avançadas do país no que diz respeito à ampliação das vagas, transformação social e democratização do acesso. O seminário é realizado pela CEMJ em parceria com o Congresso da UJS.

A UFBA e o novo modelo de ensino

No período entre 2009 e 2010, a UFBA teve recorde de candidatos inscritos (54.460) e recorde de vagas oferecidas: foram 7.996, sem contar as 450 vagas no Programa de Formação de Professores. “Sabendo da necessidade dos novos alunos pelos cursos noturnos, disponibilizamos 1.600 vagas noturnas das 5.800 nos cursos de Progressão Linear existentes; 200 vagas noturnas das 380 nos cursos de progressão novos e 900 noturnas das 1.380 vagas dos Bacharelados Interdisciplinares”, disse Naomar.

O reitor falou ainda que a nova modalidade de curso superior, o Bacharelado Interdisciplinar, ou BI, foi criada pela UFBA para evitar a profissionalização precoce e especializada. “Além disso, o modelo traz um regime curricular de três ciclos, visando diversificação e racionalização dos modelos de formação profissional acadêmica. O modelo inclui também o ajuste da arquitetura acadêmica da graduação e da pós-graduação e as novas modalidades de processo seletivo”, explicou. As áreas de concentração do Bacharelado Interdisciplinar são Artes, Humanidades, Ciência e Tecnologia e Saúde, que envolvem disciplinas como poéticas das culturas orais, estudos de gênero, ciências da terra e do mar e saúde coletiva.

Transformar o ensino secundarista

Essa nova universidade, que vem se desenhando através de projetos como o da UFBA, passa também pela discussão de um novo modelo para o ensino secundarista. O presidente da UBES, Yan Evanovick, aproveitou o momento para fazer uma avaliação das conquistas que os estudantes brasileiros tiveram nos últimos anos. “Há alguns anos, a UBES lançou a “Cartilha da Nova Escola”, documento com doze pontos de reivindicações essenciais para mudar a cara do ensino básico. Conquistamos, se não me engano, onze deles. Por isso, esse Congresso fica mais importante se pensarmos a necessidade de elaborarmos uma nova plataforma educacional ara avançarmos na nossas propostas”, disse.

Yan fez uma fala também focada na importância do ensino técnico profissionalizante no país. “Os Ifets são escolas do socialismo. São espaços amplos, que acolhem a juventude com não apenas educação, mas arte, cultura, esporte e ciência”, observou. O presidente da UBES lembrou ao público que os debates sobre educação e trabalho são os mais movem a juventude nos dias atuais. “O ensino médio precisa passar por uma profunda e radical transformação. Não dá mais para se pensar só nos vestibular. Antes era Pré-vestibular, agora já tem até Pré-Enem”, criticou.

Soberania Nacional

Dando continuidade à discussão, presidente da UNE destacou a proximidade entre os temas desenvolvimento nacional e educação, ressaltando o crescimento do Brasil nos últimos anos, principalmente o posicionamento no cenário internacional. “Hoje, não nos curvamos mais para media dúzia de potências”, afirmou. E reforçou: “A educação precisa ser prioridade porque, ao mesmo tempo que temos um desenvolvimento considerável, ainda olhamos para números como 14 milhões de analfabetos e uma média escolar de apenas 7 anos da população adulta, também sabendo que mais da metade dos nossos jovens estão fora escolas e apenas 25% chegarão às universidades”, observou.

Durante o debate, ficou claro que as mudanças precisam alcançar todos os níveis da educação, inclusive, após a universidade. A recém eleita presidente da ANPG (Associação Nacional dos Pós Graduandos), Elisangela Lizardo, deu início à sua participação na mesa com um ponto importante: “Não podemos mais importar tecnologia da forma como é feito, sem contrapartida”, disse. Para a jovem, “a pesquisa, a tecnologia e a ciência no país devem ser voltadas para acabar com as desigualdades sociais, distribuir renda, emancipar e empoderar o povo”.

Pré-sal:conquista de todos

Os presidentes das três principais entidades de representação dos estudantes brasileiros se uniram ao falar da vitória na bandeira dos 50% do Pré-sal para a Educação. A campanha vitoriosa vem sendo encampada por UNE, UBES e ANPG desde o ano passado, com cartilhas, camisas, adesivos e, principalmente, passeatas por todo o Brasil. “Essa foi uma conquista de todos nós”, disse Yan. “Juntas, as entidades conseguiram mobilizar e pressionar os senadores”, falou Augusto. “A ANPG se incorpora nessa e em tantas outras lutas para a melhoria e a busca de mais investimentos na educação”, concluiu Elisangela.

Nenhum comentário:

Postar um comentário